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NILTON CERQUEIRA
(BRASIL – BAHIA)

É poeta, médico psiquiatra do Centro de Atenção Psicossocial (CAPs), psicanalista membro da Escola Brasileira de Psicanálise (EBP) e da Associação Mundial de Psicanálise (AMP).

É professor do Instituto de Psicanálise da Bahia (PB), com artigos publicados em revistas especializada e trabalhos apresentados em Congressos.  Vive em Salvador/BA.
Colaborou com poemas na revista eletrônica Zunái.
No momento organiza a edição do seu primeiro livro de poemas.


DANIEL, Claudio.  NOVAS VOZES DA POESIA
BRASILEIRA. Uma antologia crítica.   
Capa: Thiti
Johnson.  Cajazeiras:  Arribação, 258 p.  
ISBN 978-85-6036-3333365-6

                  Exemplar biblioteca de Antonio Miranda

 

PRECE A SALVADOR

necropolitana
noite de fel.
escuro cadáver
caído no largo 
do tamarineiro
azeda a madrugada.
bruto despertar
do periférico sono
em São Caetano.
entretanto canto
algum da cidade
seria santo tanto
frente a tal horror.
São Salvador
inerte de morte
nesta hora profanada
soçobra inteiro.

*

sombra veloz
sanha insana
esgarça e mata
multissecular obra
híbrida de crenças
entre trançadas
de tradições, ritos
ritmos tantos...
tudo rompido de súbito.

*

terá sido tresloucado
o ato que engatou a arma?
terá origem no instinto
o disparo do gatilho?
nenhuma ideia do que seja
bestial, ou inata sandice
traz alguma luz real
àquele corpo preto morto

*

eis um estreito retrato:
viatura de polícia
parada reluz colorida
mescla escarlate
anela anil em giros...
reflexo opaco
de cor rubra
resta na poça
de sangue:
extenso, estanque
roendo em pedaços
a paz precária dos corpos.

*

salve-se agora mesmo
deste torpe fado
Salvador!
renda-se à invenção
que brotas, porosa
em teus recantos recônditos.

*

neste jeito
ligeiro da língua
acentua-se a beleza
na tua carne
imprecisa, perdida
entre dobras
em vestes sujas
em cortes infectos.


*

rogo-te, São Salvador!
explora a riqueza
que tu mesmo crias
na deriva viva
de tua gente
resiste firme
à tentação bárbara
que entranhas em ti
e que capta
por inteiro
aquele corpo ao léu
sob o céu azeviche
de São Caetano

*

será déja vu,
o que agora assola?
será que essa
cacafônica noite
compõe
o soteropolitano
espírito do tempo?
ou é mal encosto


de animal predador?
será aquele preto
só presa, corpo expiatório
de um ódio inominável
no catálogo da cidade?

*

oh, Bahia, deixa estar
vivo o corpo que tens
sobrevivente, altivo
diante de tantos
sombrios açoites

*

oh, São Salvador
(peço com fervor)
desfaça-se desta
desfaçatez
que ora grassa.
desta ferocidade
que em ti atua.

*

segue além, Salvador
acolhe seus mil milagres
lances de fé
golpes de acasos
numa colagem aberta


compósito plural
feito do mais fino pó
que há de se espalhar, delicado
na tua pele.

 

*
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Página publicada em setembro de 2024


 

 

 
 
 
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